2.Deus Chama a Viver em Santidade
A convicção de que Deus é santo tem como seu corolário a persuasão de que o povo de Deus deve ser como Ele em santidade. Posto que a separação é um dos ingredientes principais da doutrina de santidade na Bíblia, Deus chama o homem à separação. De que se deviam separar os israelitas? De outras nações, particularmente daquelas que os poderiam arrastar para o mal. Deviam conservar-se livres do pecado. Deviam separar-se unicamente para Deus, ser um povo peculiar, uma nação santa (Deuteronómio 7:1-10). Contudo, não se deviam separar só pelo acto de se separarem. A separação era somente o caminho para um fim: ser justos, ser como Deus. A separação não implicava ser peculiar no sentido de excentricidade. Em vez disso significava que, a fim de serem fiéis a Deus, deviam ser distintos, diferentes. A santidade não se pode conceber sem a separação. Esta classe de separação era dupla: do comum ou imundo e separados para Deus, para o serviço exclusivo dEle. Assim, os israelitas foram designados como povo único: um reino de sacerdotes, uma nação santa (Êxodo 19:6; Deuteronómio 7:6; 1 Pedro 2:9).
3. Perfeição em Justiça
Que significa ser “perfeito”? O termo não se pode passar por alto facilmente, pois, tanto no Antigo como no Novo Testamentos, usa-se com muita frequência. É muito importante para comunicar esta verdade, reconhecer que o conceito bíblico de “perfeito” não é equivalente ao que lhe é atribuído popularmente, ou seja, completo, sem falta alguma. Mas tão pouco se há de rebaixar para incluir desvios da norma ou do ideal. Significa, em vez disso, uma perfeição relativa, como a que foi reconhecida a Noé, Abraão e Job.
Como analogia, temos de nos lembrar que certos indivíduos na história foram chamados de “O Grande”, como Alexandre, o Grande, Herodes, o Grande e Pedro, o Grande, da Rússia. Tal distinção de “grande” não só lhes é atribuída para os distinguir de outras pessoas com o mesmo nome, como também para indicar que foram maiores que outros. De modo semelhante, certas personagens do Antigo Testamento mereceram o título de “perfeitos” ou “justos”. Sua perfeição era relativa. Eram “perfeitos” em comparação com seus contemporâneos. Destacaram por sua piedade, integridade e justiça. Foram, em certo sentido, como Deus, em relação à bondade. Assim, são homenageados com tal distinção Enoque, Noé, Abraão, Moisés, David e Job.
Ser perfeito queria dizer especificamente ser sem mancha (Deuteronómio 18:13); não sem falta, mas sem mancha. Portanto, a maioria das versões novas da Bíblia evitam o uso do termo “perfeito” ao aplicá-lo a pessoas e, em lugar dele, usam “sem mácula” (p. ex. Génesis 17:1, Versão Popular). A palavra original que se usa é a mesma que se aplica aos animais que eram adequados para serem apresentados a Deus (Êxodo 12:5), “sem defeito”. Estes animais não deviam estar mutilados ou estropiados; deviam estar fisicamente perfeitos, completos, sãos. De igual modo, a pessoa perfeita, no sentido do termo do Antigo Testamento, devia ser inquebrantavelmente fiel a Deus, estar totalmente entregue a Ele. Devia distinguir-se por sua justiça.
Qualquer leigo pode distinguir bem entre um cristão nominal, casual e um discípulo consagrado e fiel. Como em certa ocasião o expressara um guia muçulmano: “Há muçulmanos e, também, verdadeiros muçulmanos.” O mesmo se pode aplicar aos cristãos. Halford Luccock disse em certa ocasião: “Quando um crente demonstra que na realidade é cristão, todo o mundo se admira.” Nenhum dos hebreus antigos foi perfeito no sentido de que não tivesse tido faltas. Muitos, porém, o foram no sentido da integridade e fidelidade: uma perfeição em amor, do coração. Entre os melhores exemplos de tais homens que foram tanto grandes como bons estão José, Samuel e Daniel, dos quais não se regista na Bíblia nenhum acto pecaminoso ou atitude de pecado.

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